Abaixo, algumas informações sobre o produto e suas partes (fotos, desenhos e/ou textos).
-- Adendo à capa
Para
a capa (ou, aqui, o cabeçalho) do pretenso livro (agora, aqui, um “livri”), é evidente
que bastaria uma foto. Mas, eu não seria coerente se não adicionasse um desenho
a ela relacionado, dado o padrão geral da obra.
Então, tendo que ser apenas uma, resolvi juntar as duas formas de expressão numa única imagem. Uma fotografia centrada no Pão de Açúcar era a escolha óbvia. Resolvi o desenho “reproduzindo’ apenas a forma geral das curvas das montanhas, só que aplicando uma mistura o mais feérica possível de cores, com diversos tipos de lápis, alguns que nem sequer havia usado nos desenhos da história.
-- Adendo a 01 e 02
O problema desta foto (para que fizesse sentido no contexto da história) é registrar o conjunto de montanhas sem que as construções que formam a cidade também aparecessem.
O ângulo de visão é o do Parque da Cidade, em Niterói, e obrigatoriamente à tarde, por conta do necessário contraluz, que ajuda a encobrir as construções. Casualmente, as nuvens “inventaram” um vulcão, ao darem a impressão de que uma fumaça sai do alto da Pedra da Gávea.
Para o desenho correspondente, uma festa!... Primeiro, a tarefa de “humanizar” as montanhas, desenhando carinhas nas principais. E, no caso do Pão de Açúcar, lhe dar logo um jeito de se colocar como protagonista. Depois me animei e resolvi trazer à cena alguns “elementos celestes’ que, supostamente, desfilam pela paisagem desde o princípio dos tempos terrestres: a lua, o sol, as estrelas do Cruzeiro do Sul e até, por que não?, um disco voador!
-- Adendo a 03 e 04
A
foto é do nascer do Sol em uma manhã possivelmente de verão, não me lembro
mais... O local, a Praia Vermelha, no final da Av. Pasteur, na Urca.
No desenho, um Pão de Açúcar sonolento, que não percebe que a vida se expande à sua volta, na terra e no mar.
Aproveitei
para o livro a paisagem casual de um dia de sol no Aterro do Flamengo porque a
foto traz uma curiosa sobreposição das folhagens da palmeira sobre o “rosto” do
Pão de Açúcar. Ao mesmo tempo, os usuários que se espalham pelos gramados me trouxeram
a ideia da ancestral presença dos indígenas, habitantes anteriores à chegada
dos europeus à América.
O desenho foi direta consequência desta interpretação muito imaginativa...
-- Adendo a 07 e 08
Daí, no desenho, não foi difícil retornar (imaginariamente) no tempo até o distante Janeiro de 1501, ao momento da chegada das caravelas portuguesas, e acrescentar a isto a surpresa do Pão de Açúcar...
-- Adendo a 09 e 10
Para
falar da fundação da cidade do Rio de Janeiro, na sua ligação com o Pão de
Açúcar, certamente seria interessante ter uma foto que mostrasse o local, a praia
entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão. O problema era conseguir uma foto
com ângulo favorável...
Do nível do chão, até teria alguma nos arquivos, de
umas das idas à área da Fortaleza de São João. De fora, só consegui mesmo esta,
que não mostra justamente a praia, mas serve para localizar o acontecimento.
E o desenho, naturalmente, se centrou na ideia de terem dado um “presente” ao Pão de Açúcar.
-- Adendo a 11 e 12
O tema era a “evolução” do
nome do Pão de Açúcar. E o ponto de partida era o significado do nome usado
pelos povos originais, o de algo pontudo, de ponta.
Daí, esta foto, que mostra o Pão de Açúcar bem pontudo, entre outras montanhas, visto da estrada de acesso à Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói.
E, para o desenho, não foi difícil pensar na presença humana complementando a cena.
-- Adendo a 13 e 14
E escolhi
esta imagem, uma foto de caráter geral, que me parece um tanto ou quanto chocante:
o Pão de Açúcar “enquadrado” pela fieira de edifícios que compõem o Centro da cidade,
aos quais se junta a linha cortante do perfil da Ponte Rio-Niterói. O ponto de
vista da fotografia é a Praia da Bica, na Ilha do Governador.
Ao desenho bastou acrescentar o possível estado de espírito do Pão de Açúcar...
Algum
destaque à questão da “segurança colonial” da cidade era certamente necessário.
E esta foto, mais uma das muitas que fiz na Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, era praticamente uma síntese: estava ali, além do Pão de Açúcar, o canhão e a pedra, elementos de defesa.
No desenho, apenas acrescentei ao Pão de Açúcar a postura vigilante que o texto sugere para o protagonista.
-- Adendo a 17 e 18
Este é um dos dois assuntos cortados pela editora que conheceu o livro, e que trago de volta com profundo prazer, pois é um elemento altamente significativo da presença do Pão de Açúcar na cidade do Rio de Janeiro.
Esta
sombra, que “cria” o perfil de um pássaro na fachada norte do Pão de Açúcar, só
ocorre num horário matinal, por volta das 10h, conforme a época do ano. Que tenham
entendido que se trata do íbis, o pássaro sagrado de Egito, não me espanta: também
vivo vendo imagens imaginárias dentro das imagens reais...
O
ponto de vista, a curva do Morro da Viúva, na passagem de Botafogo para Flamengo,
possibilitou a inclusão do monumento a Estácio de Sá, que tem, sugestivamente, o
formato de uma pirâmide, apenas um tanto afilada. Não sei que o autor considerou
a relação possível com o íbis, mas não pude deixar de ver nisto alguma coisa além
do imediato...
Este assunto, na primeira versão, trazia outra “imagem esotérica” que se pode ver (ou acreditar que se vê) no Pão de Açúcar, mas de um outro ponto de vista, da Praia de Botafogo. É uma espécie de monge que as sombras formam no costado direito da montanha, de que fiz (mas não encontro mais) uma sofrível foto, à época. Cheguei a incluir este elemento no primeiro rascunho, mas achei que complicava demais, pois seriam duas imagens e duas explicações. Afinal, achei melhor me conter e citar apenas a parte mais conhecida do assunto...
-- Adendo a 19 e 20
A
ideia de que o Pão de Açúcar foi domado faz parte da história do Rio de Janeiro...
Há relatos sobre várias tentativas de locais e de visitantes (marinheiros etc.)
de chegar ao cume da pedra. E há, afinal, a saga da construção do acesso, via cabos
e bondinhos, e da exploração do ponto turístico, já há mais de um século.
A
fotografia é resultante da escolha do horário certo, o momento em que os cabos são
destacados pela luz do sol. E para valorizar o efeito, foi feita a opção por uma subexposição da imagem, o que tornou o azul do céu mais profundo e enegreceu as
montanhas.
No desenho, mais uma vez, uma tentativa (não muito bem resolvida, reconheço...) de interpretar o “estado de espírito” do Pão de Açúcar (no caso, diante da contínua avalanche de visitantes).
-- Adendo a 21 e 22
Daí, me foi evoluindo a ideia de um Pão de Açúcar curioso, no que observa a cidade e os seus habitantes.
E
no desenho, havendo tanta luz na foto-referência, os óculos escuros se tornaram
um acessório certamente necessário...
-- Adendo a 23 e 24
A
sensação de que o Pão de Açúcar tem sido acuado pela cidade me parece que pode
ser bem expressa por esta imagem. Ou, pelo menos, pelo desenho que lhe corresponde,
em que dramatizo, na medida do possível, esta relação de aflição, assim
interpreto, do ambiente natural do território, que ele representa, diante da
inexorável invasão urbana.
É
uma foto obtida da calçada da Praia do Flamengo, na altura da Rua Almirante
Tamandaré, perto de onde morei, com longa exposição da imagem, de forma a
marcar apenas os rastros das luzes vermelhas da parte posterior dos carros que se
dirigem à Zona Sul, além de possibilitar a marcação dos cones de luz dos postes
do Aterro.
Do desenho, gosto especialmente, se me permite, da expressão, entre triste e preocupada, do Pão de Açúcar.
-- Adendo a 25 e 26
Esta
fotografia é realmente antiga!... Pelo menos, é anterior a 1998, ano em que foi
inaugurado o Centro Empresarial Mourisco, o shopping que ocupou o lugar da
antiga sede do clube Botafogo de Futebol e Regatas.
Logo me pareceu que esta fotografia, em que se percebe que a visão do Pão de Açúcar (para quem vê do final da Praia de Botafogo) será rapidamente encoberta pela construção, exemplifica bem o processo de “apagamento” das paisagens naturais para quem acompanha o crescimento urbano.
Para
o desenho, trouxe o conceito de “o moita”, aquele personagem da nossa infância
(hoje em absoluto desuso, não sei porquê), que nos “representava” quando não tínhamos
acesso, mas estávamos muito curiosos a respeito de alguma coisa...
-- Adendo a 27 e 28
Seria
uma perda dolorosa, para mim ao menos, que gosto muito tanto da fotografia quanto
do desenho, além do quanto valorizo a figura representada pela estátua, o
pianista e compositor Chopin.
Então, está de volta, trazendo com eles uma “discussão” que pode até fazer sentido para os leitores, seja lá quem forem...
-- Adendo a 29 e 30
A fotografia foi feita na Pista Cláudio Coutinho, o caminho asfaltado que foi construído na lateral sul, a que é virada para o Oceano Atlântico, do conjunto dos morros da Urca e Pão de Açúcar.
Como se percebe, o gato está na foto. E o macaco, que não me foi possível fotografar não. Então, foi acrescido, ao menos para os efeitos simbólicos do desenho.
-- Adendo a 31 e 32
Voltando, no texto, à foto inicial, com a lembrança das outras belas montanhas do Rio, procuro aqui uma conclusão que tivesse o sentido mais positivo e construtivo que me foi possível. Mas, ao mesmo, busquei no desenho dar um arremate um tanto jocoso, dando expressão a uma brincadeira local e cotidiana, a de que o MAC, Museu da Arte Contemporânea, em Niterói, seria na verdade, pelo formato, um disco voador.
E
já que a foto, tirada da Praia das Flechas, apresentava toda uma lateral de
base do prédio do MAC, me veio à mente este painel de controle, e daí era
preciso um controlador, que teria que ser, naturalmente, um alienígena...
Um avião passava, de bobeira, mas se encaixou bem na cena, e o Pão de Açúcar, afinal, a esta altura dos acontecimentos, teria que estar mesmo minimamente conectado!
--
Em suma, a gente faz o que pode...
Nenhum comentário:
Postar um comentário